Introdução
Este texto de 1 Co 11:1 deve ser entendido
tendo como antecedentes os limites da liberdade cristã, descritos em 1 Co
10:23-31 e as conclusões do apóstolo Paulo acerca destes limites, descritas em
1 Co 10:32,33.
O apóstolo Paulo definia-se como um
imitador de Cristo e convidava a Igreja em Corinto a ser sua imitadora, pois
ele vivia para que outros fossem salvos e nisso sentia-se dentro da vocação
redentora do Senhor Jesus Cristo.
Assim, deve ser também o nosso viver
em todas as dimensões da nossa vida: família, sociedade e ministério. Viver
para que outros encontrem a salvação em Cristo.
Nesta mensagem quero me deter a uma
das dimensões da nossa vida: a família e, a partir dela, refletirmos como ser
homem e ser sacerdote nos moldes do apóstolo Paulo.
Desenvolvimento
Normalmente, quando um homem se
converte a Cristo, logo pensamos no que ele será na Obra de Deus e não estamos
errados em pensar assim.
A questão é definirmos onde começa a
Obra de Deus na vida de um novo convertido, o qual no futuro poderá ser um
obreiro da Casa do Senhor.
Para muitos começa dentro da Igreja,
quando na verdade começa na família, a primeira igreja de todos nós, maridos,
esposas e filhos.
Porém, é na família onde os alicerces da
fé para a salvação são lançados, mas também é na família onde eles podem ser
arrancados.
Quando pensamos na figura de um
sacerdote, lembramos alguém que representa o povo diante de Deus, por isso
Jesus é chamado de Sumo Sacerdote (Hb 5:1-10).
Quando um homem é alcançado pela graça
do Senhor torna-se uma testemunha e um sacerdote do Senhor na sua família.
Sendo assim, testemunha e sacerdote,
deve viver de tal forma que os seus familiares tomem conhecimento da grande
salvação em Cristo Jesus através das suas palavras, do seu testemunho e, principalmente, da coerência
entre ambos, a partir da qual podemos mostrar aos nossos familiares que
somos imitadores de Cristo.
Assim,
para que haja esta coerência entre o que falamos e o que vivemos, precisamos refletir
nas palavras do apóstolo Paulo sobre a sua própria vida:
1.
Não
vos torneis causa de tropeço (1 Co 10:32)
Uma das maiores causas de tropeço na
vida de muitos crentes é que a sua mensagem não condiz com o seu testemunho,
porque em muitos casos, falta novo nascimento, tornando a prática cristã num
ritual sem a vida de Cristo manifesta.
Quantos já ouviram aquela triste
expressão: “Para ser crente como fulano, prefiro ficar do jeito que eu estou”.
Aliás, quando apresentaram os evangelhos a Mahatma Gandhi, ele ficou
maravilhado com as palavras que leu, porém, disse que os seguidores de Cristo
não as demonstravam no seu viver.
O mal testemunho na vida de um crente pode
ser uma causa de tropeço para muitas pessoas que Jesus quer salvar.
Não ser causa de tropeço é compreender
como o apóstolo Paulo: “Todas as coisas
me são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas
edificam.” (1 Co 10:23)
Ser crente não é ser membro de uma seita
secreta com códigos e normas secretas, restritas aos seus seguidores. Jesus
revelou-se ao mundo, ele não tinha nada de secreto ou místico, falou por
parábolas para que as pessoas entendessem a sua mensagem, viveu entre os
pecadores sem preconceitos, amou a todos, para que todos fossem salvos. Foi
coerente na sua mensagem e no testemunho dos seus atos.
Jesus falava e agia de tal forma que as
pessoas sentiam o seu amor e cuidado por elas, basta ver o exemplo da mulher
com um fluxo de sangue, quando mesmo apertado pela multidão, fez questão de curá-la,
parar, dar atenção a ela e ainda dizer-lhe: “Filha,
a tua fé te salvou; vai-te em paz.” (Lc 8:48)
Coerência entre o nosso testemunho
diário e a nossa mensagem traz credibilidade.
2.
Eu
procuro, em tudo, ser agradável a todos (1 Co 10:33)
Ser
agradável a todos implica em renunciar a si mesmo para viver a vontade de Deus
para o próximo:
“Ora, nós que somos
fortes devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos a nós
mesmos. Portanto, cada um de nós agrade ao próximo no que é bom para
a edificação. Porque também Cristo não se agradou a si mesmo; antes como
está escrito: As injúrias dos que te ultrajaram caíram sobre mim.”
(Rm 15:1-2)
O apóstolo Paulo viveu de forma
agradável:
“Porque, sendo livre de
todos, fiz-me escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível.“
(1 Co 9:19)
“Fiz-me de fraco para
com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o
fim de, por todos os modos, salvar alguns.” (1 Co 9:22)
Viver de forma agradável enquadra-se nas condições de ser
um discípulo verdadeiro de Jesus:
“Então,
disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se
negue, tome a sua cruz e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar a sua vida
perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á.”
(Mt 16:24,25)
Por isso, Paulo definia-se como imitador de Cristo, pois
negava a sua própria vida, para ser agradável ao próximo, vivendo para que ele
fosse salvo.
Ser homem, ser sacerdote é ser agradável à família,
renunciar a si mesmo, a fim de que ela seja salva em Cristo Jesus.
Renúncia demonstra o nosso compromisso com o próximo.
3.
Não
buscando o meu próprio interesse, mas o de muitos, para que sejam salvos (1 Co
10:33)
Vivemos numa sociedade que estimula o
egoísmo numa clara oposição aos ensinamentos de Jesus, os quais nos motivam a
compartilhar, dividir e abençoar o próximo. Aliás, no Grande Julgamento, dar será
uma questão crucial na separação dos salvos e condenados à perdição eterna:
“Então, perguntarão os
justos: Senhor quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com
sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e
te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar? O Rei,
respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um
destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.”
“Então, o Rei dirá
também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos para o
fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque tive fome, e não me
deste de comer; tive sede e não me deste de beber; sendo forasteiro, não me
hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não
fostes ver-me. E eles lhe perguntarão: Senhor quando foi que te vimos com fome,
com sede, forasteiro, nu, enfermo, ou preso e não te assistimos: Então lhes
responderá: Em verdade, em verdade vos digo que, sempre que o deixaste de fazer
a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer. E irão estes para o
castigo eterno, porém os justos para a vida eterna.”
(Mt 25:37-46)
Dar é a palavra que norteou o
ministério terreno de Jesus:
“Porque Deus amou ao
mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”
(Jo 3:16)
“Pois o próprio Filho
do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em
resgate por muitos.” (Mc 10:45)
Se formos escravos do egoísmo, de nada
adiantará o nosso discurso, a nossa pregação, pois seremos iguais a este mundo
cruel. Como ser sacerdote imitador de Cristo se as nossas atitudes em família
forem iguais às do mundo ímpio?
São preciosas as palavras do
apóstolo João:
“Amados, amemo-nos
uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é
nascido de Deus e conhece a Deus.” (1 Jo 4:7)
“Nisto consiste o amor:
não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu
Filho como propiciação pelos nossos pecados. Amados, se Deus de tal maneira
nos amou, devemos nós também amar uns aos outros.”
(1 Jo 4:10,11)
Dar é prova de amor ao próximo.
Há uma canção que diz ser possível dar sem amar, mas impossível amar sem dar.
Conclusão
Ser imitador de Cristo para o
apóstolo Paulo teve um ponto de partida: morrer:
“Porque eu, mediante a
própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com
Cristo; logo, já não sou quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que,
agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo
se entregou por mim.” (Gl 2:19,20)
Se não morrermos para nós mesmos e
para o pecado, jamais seremos imitadores de Cristo, seja como homens, seja como
sacerdotes em nossas famílias.
Por isso, não espere os seus
familiares se renderem a Cristo, se você ainda não se rendeu morrendo na cruz
com Jesus; fatalmente seu testemunho será uma pedra de tropeço, impedindo-o de
ser agradável e de se dar à sua primeira igreja, sua família.
A morte da nossa carne aos pés da
cruz de Cristo é que vivificará o nosso testemunho, dando-nos a coerência que
dá credibilidade à nossa mensagem, fazendo da nossa renúncia a “vitrine” do
nosso compromisso com o próximo e mostrando aos nossos familiares que nos damos
a eles como prova de amor por eles.
Francisco de Assis disse: “Pregue
sempre e às vezes use palavras.” Ganhemos as nossas famílias para Cristo,
mediante a mensagem do evangelho gravada em nossos testemunhos diários e assim,
seremos imitadores do Senhor, como homens e sacerdotes.
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