quarta-feira, setembro 04, 2013

IMITADORES DE CRISTO

Introdução
            Este texto de 1 Co 11:1 deve ser entendido tendo como antecedentes os limites da liberdade cristã, descritos em 1 Co 10:23-31 e as conclusões do apóstolo Paulo acerca destes limites, descritas em 1 Co 10:32,33.
           
            O apóstolo Paulo definia-se como um imitador de Cristo e convidava a Igreja em Corinto a ser sua imitadora, pois ele vivia para que outros fossem salvos e nisso sentia-se dentro da vocação redentora do Senhor Jesus Cristo.

            Assim, deve ser também o nosso viver em todas as dimensões da nossa vida: família, sociedade e ministério. Viver para que outros encontrem a salvação em Cristo.

            Nesta mensagem quero me deter a uma das dimensões da nossa vida: a família e, a partir dela, refletirmos como ser homem e ser sacerdote nos moldes do apóstolo Paulo.


Desenvolvimento
            Normalmente, quando um homem se converte a Cristo, logo pensamos no que ele será na Obra de Deus e não estamos errados em pensar assim.

A questão é definirmos onde começa a Obra de Deus na vida de um novo convertido, o qual no futuro poderá ser um obreiro da Casa do Senhor.

Para muitos começa dentro da Igreja, quando na verdade começa na família, a primeira igreja de todos nós, maridos, esposas e filhos.

Porém, é na família onde os alicerces da fé para a salvação são lançados, mas também é na família onde eles podem ser arrancados.

Quando pensamos na figura de um sacerdote, lembramos alguém que representa o povo diante de Deus, por isso Jesus é chamado de Sumo Sacerdote (Hb 5:1-10).

Quando um homem é alcançado pela graça do Senhor torna-se uma testemunha e um sacerdote do Senhor na sua família.

Sendo assim, testemunha e sacerdote, deve viver de tal forma que os seus familiares tomem conhecimento da grande salvação em Cristo Jesus através das suas palavras, do seu testemunho e, principalmente, da coerência entre ambos, a partir da qual podemos mostrar aos nossos familiares que somos imitadores de Cristo.

Assim, para que haja esta coerência entre o que falamos e o que vivemos, precisamos refletir nas palavras do apóstolo Paulo sobre a sua própria vida:
1.     Não vos torneis causa de tropeço (1 Co 10:32)
Uma das maiores causas de tropeço na vida de muitos crentes é que a sua mensagem não condiz com o seu testemunho, porque em muitos casos, falta novo nascimento, tornando a prática cristã num ritual sem a vida de Cristo manifesta.

Quantos já ouviram aquela triste expressão: “Para ser crente como fulano, prefiro ficar do jeito que eu estou”. Aliás, quando apresentaram os evangelhos a Mahatma Gandhi, ele ficou maravilhado com as palavras que leu, porém, disse que os seguidores de Cristo não as demonstravam no seu viver.

O mal testemunho na vida de um crente pode ser uma causa de tropeço para muitas pessoas que Jesus quer salvar.

Não ser causa de tropeço é compreender como o apóstolo Paulo: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam.” (1 Co 10:23)

Ser crente não é ser membro de uma seita secreta com códigos e normas secretas, restritas aos seus seguidores. Jesus revelou-se ao mundo, ele não tinha nada de secreto ou místico, falou por parábolas para que as pessoas entendessem a sua mensagem, viveu entre os pecadores sem preconceitos, amou a todos, para que todos fossem salvos. Foi coerente na sua mensagem e no testemunho dos seus atos.

Jesus falava e agia de tal forma que as pessoas sentiam o seu amor e cuidado por elas, basta ver o exemplo da mulher com um fluxo de sangue, quando mesmo apertado pela multidão, fez questão de curá-la, parar, dar atenção a ela e ainda dizer-lhe: “Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz.” (Lc 8:48)

Coerência entre o nosso testemunho diário e a nossa mensagem traz credibilidade


2.     Eu procuro, em tudo, ser agradável a todos (1 Co 10:33)
Ser agradável a todos implica em renunciar a si mesmo para viver a vontade de Deus para o próximo:

“Ora, nós que somos fortes devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos. Portanto, cada um de nós agrade ao próximo no que é bom para a edificação. Porque também Cristo não se agradou a si mesmo; antes como está escrito: As injúrias dos que te ultrajaram caíram sobre mim.” (Rm 15:1-2)

            O apóstolo Paulo viveu de forma agradável:
“Porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível.“ (1 Co 9:19)

“Fiz-me de fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns.” (1 Co 9:22)

            Viver de forma agradável enquadra-se nas condições de ser um discípulo verdadeiro de Jesus:

“Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á.” (Mt 16:24,25)

            Por isso, Paulo definia-se como imitador de Cristo, pois negava a sua própria vida, para ser agradável ao próximo, vivendo para que ele fosse salvo.

            Ser homem, ser sacerdote é ser agradável à família, renunciar a si mesmo, a fim de que ela seja salva em Cristo Jesus.

            Renúncia demonstra o nosso compromisso com o próximo.


3.     Não buscando o meu próprio interesse, mas o de muitos, para que sejam salvos (1 Co 10:33)

Vivemos numa sociedade que estimula o egoísmo numa clara oposição aos ensinamentos de Jesus, os quais nos motivam a compartilhar, dividir e abençoar o próximo. Aliás, no Grande Julgamento, dar será uma questão crucial na separação dos salvos e condenados à perdição eterna:

“Então, perguntarão os justos: Senhor quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.”
“Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque tive fome, e não me deste de comer; tive sede e não me deste de beber; sendo forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não fostes ver-me. E eles lhe perguntarão: Senhor quando foi que te vimos com fome, com sede, forasteiro, nu, enfermo, ou preso e não te assistimos: Então lhes responderá: Em verdade, em verdade vos digo que, sempre que o deixaste de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer. E irão estes para o castigo eterno, porém os justos para a vida eterna.” (Mt 25:37-46)

            Dar é a palavra que norteou o ministério terreno de Jesus:

“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3:16) 

“Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” (Mc 10:45)

Se formos escravos do egoísmo, de nada adiantará o nosso discurso, a nossa pregação, pois seremos iguais a este mundo cruel. Como ser sacerdote imitador de Cristo se as nossas atitudes em família forem iguais às do mundo ímpio?

            São preciosas as palavras do apóstolo João:

“Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.” (1 Jo 4:7)

“Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros.” (1 Jo 4:10,11)

            Dar é prova de amor ao próximo. Há uma canção que diz ser possível dar sem amar, mas impossível amar sem dar.


Conclusão

            Ser imitador de Cristo para o apóstolo Paulo teve um ponto de partida: morrer:

“Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.” (Gl 2:19,20)

            Se não morrermos para nós mesmos e para o pecado, jamais seremos imitadores de Cristo, seja como homens, seja como sacerdotes em nossas famílias.

            Por isso, não espere os seus familiares se renderem a Cristo, se você ainda não se rendeu morrendo na cruz com Jesus; fatalmente seu testemunho será uma pedra de tropeço, impedindo-o de ser agradável e de se dar à sua primeira igreja, sua família.

            A morte da nossa carne aos pés da cruz de Cristo é que vivificará o nosso testemunho, dando-nos a coerência que dá credibilidade à nossa mensagem, fazendo da nossa renúncia a “vitrine” do nosso compromisso com o próximo e mostrando aos nossos familiares que nos damos a eles como prova de amor por eles.


            Francisco de Assis disse: “Pregue sempre e às vezes use palavras.” Ganhemos as nossas famílias para Cristo, mediante a mensagem do evangelho gravada em nossos testemunhos diários e assim, seremos imitadores do Senhor, como homens e sacerdotes.

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